a data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Matéria atualizada em 3 de maio de 2021, às 18h53minO primeiro dia de retorno das aulas presenciais na rede estadual foi de escolas fechadas e pouca procura pelas atividades presenciais por pais e estudantes em Santa Maria. Mais de um ano depois da suspensão das aulas presenciais, a retomada presencial foi autorizada na semana passada, depois que todo Estado voltou para a bandeira vermelha no modelo de Distanciamento Controlado. Das seis escolas visitadas pela reportagem, apenas uma recebeu estudantes. Em quatro, o dia foi de preparação e adequação dos espaços para a retomada das atividades. E uma delas até esperava alunos, mas nenhum apareceu.
Apenas três alunos compareceram ao primeiro dia de aula na Escola Professora Celina de Moraes, no Bairro Km 3, abaixo da expectativa da direção, que era de seis crianças pela manhã. Ao todo, o colégio de Ensino Fundamental conta com cerca de 180 matriculados. A diretora Verginia Flores atribuiu, como um dos fatores para a baixa procura, a insegurança dos pais. A escola cumpre os protocolos de segurança sanitária, com distanciamento entre classes, medição de temperatura e disponibilização de álcool em gel.
- Tivemos que reorganizar o número de alunos por sala, são no máximo 12 por sala. Todas estão equipadas com álcool gel e tapete sanitário. A entrada na escola tem horários diferenciados por nível - explica a diretora.
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VOLTOU, MAS NÃO FORAM
No Colégio Estadual Padre Rômulo Zanchi, no Bairro Presidente João Goulart, a manhã foi de movimento apenas de professores e funcionários, que faziam os últimos ajustes para receber estudantes pela tarde. Entretanto, a expectativa da diretora, Jane Zorzi, é de que apenas seis crianças do 1º ao 5º ano compareçam no colégio. Conforme a diretora, a escola está preparada para o retorno presencial.
- Nos planejamos para estar aqui, à disposição. Nós temos um grande número de alunos que não tem acesso a tecnologia, então, diante disso, a gente pensa com carinho e atenção em como recebê-los aqui dentro - diz.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Nenhum aluno compareceu na escola Rômulo Zanchi. Os protocolos de aferir temperatura foram feitos apenas nos funcionários que foram até a escola
A escola Rômulo Zanchi espera, até a próxima semana, 37 alunos em todos os níveis de ensino. O número é conforme o preenchimento do termo de responsabilidade pelos responsáveis. Entretanto, segundo o supervisor da escola, Murilo Leão, nem todos informaram qual a preferência.
- Eu já tinha uma noção que ia ser baixa a procura, mas confesso que pensei que seria maior. A gente tem 12% de toda escola que pretende voltar - estima.
SEMANA QUE VEM
O retorno vna Escola Professora Naura Teixeira Pinheiro, no Bairro São José, é somente na próxima semana. A previsão é que a retomada comece gradualmente apenas a partir da próxima segunda-feira, com as séries iniciais.
- Quando recebemos a ordem para reabrir as escolas, nossa escola estava totalmente em reforma. Não tínhamos como dar início nas aulas com a escola organizada - explica a diretora, Jaqueline Severo.
A procura dos pais também tem sido baixa. Conforme a diretora, poucos pais assinaram o termo de consentimento necessário para que o filho frequente aulas presencialmente. Há turmas com apenas uma criança confirmada.
Na Escola Marieta D'Ambrosio, o dia foi de preparação para o retorno dos estudantes. Pela manhã, a diretora Tânia Paim trabalhava para fechar as escalas de professores. Parte do quadro de funcionários também atua em outras instituições. O retorno das séries iniciais está previsto para a tarde de terça-feira.
"EU NÃO ME SINTO SEGURA"
O retorno é criticado pelo conselho do sindicato dos professores estaduais (Cpers). Uma das demandas do sindicato é que a presencialidade só volte quando os trabalhadores das escolas forem vacinados. Além da preocupação com o contágio, os profissionais da educação consideram que há um cenário em que não há como dar conta de adequações sem reforço de pessoal.
- O que está nos faltando é recurso humano. Nós não recebemos nenhum servidor a mais para nos auxiliar a cumprir protocolos. Neste momento, com esse percentual de alunos, é fácil. Mas, no momento em que houver uma retomada maior, nós não estamos inteiramente preparados. Nós temos um quadro de funcionários restritos para controlar portão, medir temperatura, fazer higienização... - argumenta Jane Zorzi.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Na ponta da caneta, a diretora da escola Rômulo Zanchi, Jane Zorzi, conta os alunos que deveriam retornar nesta segunda
O medo do vírus permeia a vontade dos professores em fazer seu trabalho. Eles voltam às escolas e esperam os alunos, mas temerários de que a pandemia que ceifou 553 vidas em Santa Maria também cruze fatalmente o caminho da educação. Segundo Jane, a preocupação do Rômulo Zanchi se repete nas outras escolas da rede.
- Tem pais que desejam o retorno, mas eles estão inseguros, como nós. Eu, apesar da experiência, não me sinto segura. Esse vírus é muito agressivo. Eu tenho professor intubado, professor que perdeu a única irmã que tinha. Perdemos amigos, perdemos familiares de alunos. É um momento muito difícil. Fazemos (o retorno) com cuidado e amor, mas não sou tranquila - desabafa a diretora.
MOBILIZAÇÃO
Na manhã desta segunda-feira, o Tribunal de Justiça recebeu representantes do Cpers, Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e Sindicato do Ensino Privado (Sinepe), além do governo do Estado e da prefeitura de Porto Alegre para uma reunião conciliatória sobre volta às aulas.
Em coletiva de imprensa após a reunião, Helenir Schürer, presidente do Cpers, disse que, após cerca de três horas de discussão, não houve nenhum tipo de negociação. A reunião foi suspensa e remarcada para quarta-feira à tarde. Ainda na coletiva, Helenir criticou o governo por não apresentar propostas ou sinalizar negociação.
O Cpers, junto da Associação de Mães e Pais pela Democracia, entrou com liminar na Justiça pedindo a suspensão de atividades presenciais após o Estado ficar classificado com bandeira vermelha. Sem consenso no encontro desta segunda, o jurídico do Cpers deve pedir que a Justiça julgue o pedido liminar.
O sindicato teve uma assembleia geral. Uma das bandeiras da categoria é vacinar os profissionais de educação antes da retomada presencial das aulas. Uma das pautas foi a adesão da categoria a uma "greve sanitária", mas não foi aprovada. No encontro, os professores optaram por manter o ensino remoto.
O RETORNO NAS 10 MAIORES ESCOLAS ESTADUAIS DA CIDADE
- Paulo Lauda - 1º e 2º anos do Ensino Fundamental retornaram ontem. A escola não mensurou quantos alunos foram
- Olavo Bilac - Apenas seis responsáveis preencheram o termo de responsabilidade. O cronograma da escola é pelo preenchimento durante essa semana e, posteriormente, o anúncio de começo das aulas
- Cilon Rosa - Somente com Ensino Médio, retorna na próxima segunda-feira, 10 de maio
- Coronel Pilar - Não retornou nesta segunda, mas tem previsão de receber turmas de 1º a 5º ano do Ensino Fundamental nesta terça
- Manoel Ribas - Somente com Ensino Médio, retorna na próxima segunda-feira, 10 de maio
- Maria Rocha - Somente com Ensino Médio, retorna na próxima segunda-feira, 10 de maio
- Rômulo Zanchi - 7 alunos de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental demonstraram interesse no retorno presencial. Nenhum foi à escola nesta segunda
- Augusto Ruschi - Dois professores fazem plantão para receber trabalhos e tirar dúvidas. Previsão de retorno somente semana que vem
- Edson Figueiredo - Anos iniciais do Ensino Fundamental retornam quarta-feira. Semana que vem, anos finais. A direção pede que dúvidas sejam tiradas diretamente com a escola
- Cícero Barreto - As aulas para o 1º e 2º ano do Ensino Fundamental começaram e apenas três alunos compareceram. Para as demais turmas, a escola aguarda receber o termo de autorização dos pais para definir como vai ser o retorno